O tradicional ciclo de quatro anos do Bitcoin — que muitos associavam a bolhas de preço seguidas de explosões — já não se manifesta da mesma forma no mercado atual. A visão desse ciclo está mudando, passando de um modelo especulativo para um mais industrial e tecnológico, segundo análise de especialistas do setor.
A mineração de Bitcoin enfrenta desafios crescentes, como a concentração de poder computacional e os impactos dos halvings — eventos programados que reduzem pela metade as recompensas pela mineração. Porém, ao invés de simplesmente gerar bolhas, o ciclo agora impulsiona uma renovação tecnológica e operacional no ecossistema.
Ciclo de Bitcoin: não morreu, evoluiu
Alejandro de la Torre, CEO da DMND Pool — um pool de mineração que apoia tecnologias descentralizadas — afirma que o ciclo tradicional de 4 anos ainda existe, mas não é mais medido pela especulação de preço ou bolhas, e sim pela eficiência e atualização do hardware e da operação de mineração.
Ele explica que o halving atua como um tipo de “seleção natural” no setor:
- operadores com custos altos e equipamentos obsoletos deixam o mercado;
- redes mais eficientes crescem;
- e os sobreviventes reinvestem em tecnologia de ponta.
Segundo De la Torre, esse processo faz com que o padrão de quatro anos se mantenha, mas com foco em inovação, performance e sustentabilidade, e não apenas em ciclos de alta e queda de preço.

Fonte: Alejandro de la Torre, LinkedIn / Conferência Bitcoin MENA.
Stratum V2: tecnologia que pode impulsionar a mineração
Uma das grandes apostas para essa nova fase é o Stratum V2, um protocolo que permite maior controle dos mineradores sobre quais transações incluir nos blocos — reduzindo a centralização tradicional dos pools.
Esse avanço tecnológico também traz benefícios práticos para regiões como a América Latina. Com vantagens de rendimento de dados e eficiência, o Stratum V2 pode viabilizar operações em locais com conectividade limitada, como áreas com energia hidrelétrica ou gás residual.
O futuro da mineração de Bitcoin
A conversa com De la Torre aponta para um futuro onde a infraestrutura tecnológica — não a especulação de preço — será o motor principal do ciclo do Bitcoin. Isso favorece um mercado minerador mais profissional, eficiente e descentralizado, com potencial de expansão em áreas antes marginalizadas pela falta de tecnologia adequada.