Stablecoins Lastreadas em Commodities: Estabilidade Real ou Apenas uma Ilusão? Vamos fazer uma análise detalhada.
As stablecoins lastreadas em commodities têm ganhado destaque nos últimos anos, especialmente como uma alternativa às stablecoins atreladas a moedas fiduciárias e ao imprevisível mercado de criptomoedas.
Em 1º de agosto de 2024, a capitalização de mercado dessas stablecoins chegou a US$ 1,3 bilhão, com Tether Gold (XAUT) e PAX Gold (PAXG) representando 78% do total. Esse setor experimentou um crescimento notável, aumentando 212 vezes desde 2020 e 18,1% somente em 2024. Mas será que a estabilidade prometida por esses ativos é tão sólida quanto parece?
O Crescimento Impulsionado por Commodities
O XAUT alcançou seu pico histórico de US$ 2.604,71 em setembro de 2024, liderando o mercado com uma capitalização de US$ 634 milhões. O Paxos Gold (PAXG), o segundo maior token de ouro, atingiu US$ 488 milhões em capitalização. Esse aumento é reflexo de uma demanda crescente por alternativas mais seguras em meio à volatilidade do mercado cripto. Mas o que está por trás dessa popularidade?
Stablecoins lastreadas em commodities, como ouro e petróleo, são atreladas a ativos tangíveis, o que atrai investidores em busca de uma forma de expor seu portfólio a commodities sem a complexidade de gerenciar ativos físicos.
O valor dessas moedas está diretamente ligado aos preços das commodities subjacentes, o que permite acompanhar de perto os movimentos do mercado. Essa característica é um grande atrativo, especialmente em tempos de alta inflação e desvalorização das moedas fiduciárias.
A Procura por Proteção em Mercados Emergentes
Regiões que sofrem com inflação galopante, instabilidade geopolítica e desvalorização cambial, como partes da Ásia, Oriente Médio e América Latina, estão adotando rapidamente stablecoins lastreadas em commodities.
Um exemplo claro é o PAXG, cujo valor atingiu US$ 2.923 em abril de 2024 devido às tensões no Oriente Médio, reforçando o papel do ouro como uma proteção histórica contra a inflação.
No entanto, as stablecoins atreladas a commodities como petróleo, exemplificadas pela Petro da Venezuela, sofrem com riscos geopolíticos e de cadeia de suprimentos, como as flutuações do mercado de petróleo.
O valor dessas moedas pode ser tão instável quanto a commodity à qual estão vinculadas, levantando questões sobre a tão falada “estabilidade” dessas stablecoins.
Stablecoins Lastreadas em Commodities Superarão as Atreladas a Moedas Fiduciárias?
Apesar de sua crescente relevância, as stablecoins lastreadas em commodities ainda representam apenas 0,8% do mercado global de stablecoins. O mercado continua sendo dominado por stablecoins atreladas a moedas fiduciárias, que tiveram um crescimento explosivo durante o boom das criptomoedas em 2020 e 2021.
A capitalização de mercado dessas moedas atingiu US$ 161,2 bilhões em agosto de 2024, após uma recuperação notável desde o colapso da UST da Terra em 2022.
Embora as stablecoins baseadas em commodities ofereçam uma proposta interessante, sua volatilidade intrínseca e dependência de ativos físicos as tornam menos atraentes do que as stablecoins atreladas a moedas fiduciárias, que continuam sendo a escolha preferida para a maioria dos investidores.
O Desafio da Diversificação e o Valor Real das Stablecoins
Além do ouro, outros projetos tentaram diversificar as stablecoins lastreadas em commodities. Um exemplo é o Uranium308, que lançou uma stablecoin atrelada ao urânio, mas não conseguiu se manter relevante por muito tempo. Isso demonstra a dificuldade de lançar stablecoins ligadas a commodities menos convencionais.
A verdadeira questão por trás do valor das stablecoins lastreadas em commodities está nas reservas que elas alegam possuir. Stablecoins como XAUT e PAXG podem parecer atraentes, mas sem auditorias regulares e transparentes, a confiança do mercado nessas moedas é sempre questionável.
Além disso, a liquidez das commodities pode se tornar um problema em períodos de alta demanda, o que pode impactar a capacidade de resgatar os tokens com facilidade.
O valor das commodities, embora geralmente estável, não é imune a variações. O ouro pode flutuar devido à demanda global, à instabilidade geopolítica ou a problemas na cadeia de suprimentos. As stablecoins atreladas ao petróleo são ainda mais suscetíveis a oscilações de preço, refletindo diretamente os ciclos de mercado e o crescimento econômico.
Estabilidade ou Ilusão?
Exemplos como o Petro da Venezuela, que deixou de ser negociado em janeiro de 2024, mostram que a promessa de estabilidade dessas stablecoins pode ser uma ilusão. Mesmo com auditorias e maior transparência, os riscos de volatilidade dos preços das commodities permanecem, tornando as stablecoins atreladas a esses ativos vulneráveis a grandes oscilações.
Portanto, enquanto as stablecoins lastreadas em commodities podem parecer uma alternativa sólida às moedas fiduciárias, sua suposta estabilidade é frequentemente afetada por forças econômicas e geopolíticas maiores.
Essas moedas oferecem uma exposição interessante a ativos do mundo real, mas é essencial que os investidores entendam os riscos envolvidos e tenham uma visão realista sobre sua capacidade de proteger contra a volatilidade do mercado cripto tradicional.
Em suma, a ascensão das stablecoins atreladas a commodities revela um desejo crescente por ativos mais seguros e menos voláteis, mas a verdadeira estabilidade que prometem ainda está sujeita a questionamentos.
Para muitos, essas stablecoins podem ser uma opção interessante, mas é crucial avaliar se a estabilidade que elas oferecem é, de fato, real ou apenas uma ilusão cuidadosamente mantida por forças de mercado voláteis.
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