Worldcoin, recentemente rebatizado apenas como World em algumas frentes do seu ecossistema, é um dos projetos mais ambiciosos — e controversos — do mundo cripto em 2025. Idealizado, entre outros, por Sam Altman, CEO da OpenAI (empresa por trás do ChatGPT), o projeto promete reinventar a forma como provamos nossa identidade online e participamos da economia digital global.
O que é Worldcoin?
Worldcoin foi lançado formalmente em 2023 com um propósito ousado:
- Criar um sistema global de identidade digital confiável que prove que um indivíduo é humano, único e real, não um bot ou pessoa falsa.
- Conectar essa identidade ao acesso ao mercado financeiro digital, usando tecnologia blockchain.
O projeto combina identidade digital (World ID), criptomoeda (WLD) e uma blockchain própria chamada World Chain.
Como funciona — o papel do “Orb” e da biometria
O coração tecnológico do Worldcoin é um dispositivo físico chamado Orb.
🧠 Orb — o scanner de íris

- O Orb escaneia a íris dos participantes para gerar um código único chamado World ID.
- Esse código permite verificar se um usuário ainda não foi registrado antes, evitando registros duplicados.
- A tecnologia usa provas de conhecimento zero (ZKPs) para proteger dados pessoais — ou seja, comprova a identidade sem expor os detalhes biométricos.
📱 World App
Após baixar o World App, o usuário:
- Solicita a verificação usando o Orb.
- Recebe seu World ID em seu dispositivo.
- Ganha acesso a uma carteira cripto que suporta WLD e outros ativos.
A ideia é que o World ID funcione como um “passaporte digital” para provar que você é humano em serviços online — desde redes sociais até finanças descentralizadas — sem fornecer documentos tradicionais.
WLD — a criptomoeda humana

O token nativo do ecossistema é o WLD:
🔹 Distribuição: Usuários que verificam seu World ID recebem uma quantidade de WLD como recompensa, incentivando a adoção.
🔹 Governança: Detentores podem participar de decisões descentralizadas usando o princípio “uma pessoa, um voto”, graças ao vínculo com o World ID.
🔹 Uso: O WLD pode ser usado para transações, governança e potencialmente em aplicativos financeiros futuros.
O objetivo final é criar uma economia digital onde a identidade humana é o principal requisito, não o capital financeiro prévio.
Por que isso importa?
✔️ Combate a bots e fraudes
Com o avanço acelerado da IA e deepfakes, distinguir humanos de máquinas online se tornou um problema real. O World ID tenta resolver isso de forma criptográfica, não apenas com senhas ou números de telefone.
✔️ Inclusão financeira
Ao oferecer WLD gratuitamente para indivíduos, mesmo pessoas em regiões sem grandes serviços bancários podem entrar no sistema financeiro digital.
✔️ Infraestrutura de identidade global
Se amplamente adotado, o World ID poderia servir para autenticação em redes sociais, votação digital e outras aplicações onde a identidade real é essencial.
Controvérsias e riscos
Apesar do potencial, o Worldcoin enfrenta críticas importantes:
🔒 Privacidade e dados biométricos
Reguladores em diversos países, como Portugal e Reino Unido, investigaram ou suspenderam a coleta de dados biométricos por preocupações de proteção de dados pessoais (especialmente de menores).
❗ Críticas de especialistas
Grandes nomes da cripto, como Vitalik Buterin, levantaram preocupações sobre centralização, riscos de vigilância e até coerção governamental para adoção de sistemas de identificação.
🚫 Regulação e restrições
Vários países impuseram limites ou proibiram o escaneamento de íris por falta de garantias sólidas de uso de dados.
📉 Desempenho do token
Mesmo com grandes números de verificações e adoção em países específicos (por exemplo, altos registros diários na Argentina), o preço do WLD não acompanha o hype do projeto.
Visão de futuro — utopia ou distopia?
Worldcoin é um dos projetos que melhor personificam a convergência entre blockchain, IA e identidade digital. Em mercados votados à tecnologia, está surgindo uma infraestrutura alternativa à identificação tradicional — mas isso vem com riscos éticos e legais que ainda não foram plenamente resolvidos.
A tecnologia pode significar um salto na autenticação e inclusão digital ou ser vista no futuro como um precedente preocupante de vigilância e privacidade comprometida — dependendo de como a governança, a segurança e a regulamentação evoluírem nos próximos anos.